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Antónia Mancha. Foi este o nome que me deram e nele vivi, desconfortável, até o tomar como inevitabilidade, tornando-se mais fácil a convivência com ele. E comigo.

Nasci no Alentejo da imensa planície solitária e das portas abertas nas noites estivais. Nasci lá, no meio de nenhures e de lá fuji, com medo do silêncio da paisagem e das vozes que se me criavam no pensamento.

Hoje, estou mais a sul, ainda. Aqui "onde o mar acaba e a terra principia"(1) e onde o marulhar do azul me resgata às mãos da terra seca.

A qui, em Lagos, onde as vozes da inquietação serenam na espuma branca das ondas.

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(1) José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis, Ed. Caminho, 6ª edição, Lisboa, 1995, p.11

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